Nunca gostei desta palavra! Nem do som, muito menos da sua significação. Sempre me pareceu nome de flor, mas flor de acidez e azedume. Cizânia! Não parece nome de flor metida a besta, tipo Gerânio[1]? Pois bem, todos sabem (ou deveriam saber) que Cizânia não é flor, nem como substantivo, muito menos na analogia. Cizânia é desarmonia e confusão. Quem semeia Cizânias gosta de criar o caos nos campos floridos, o trovejar nos céus límpidos e a desarmonia entre as pessoas.
A Cizânia da minha botânica particular se cultiva em solo fértil. Não se aflora Cizânia em solo estéril. Onde não há harmonia, não há de se falar em criar desarmonia. Portanto, a semente de Cizânia necessita de um solo fértil e rico em harmonia. A flor original da Cizânia, esta sim, fica cravada em solo estéril e seco, mas a Sábia Natureza fez questão de sempre colocar um solo seco e pobre, ao lado de campos floridos e belos. O que seria da Cizânia sem uma vizinhança harmônica. Seria a extinção da espécie, Oras! Mas a natureza em sua sapiência pensa até mesmo na preservação das pragas e correlatos. Do alto de seu solo putrefato e estéril, a Cizânia lança seus polens para os campos floridos ao seu redor, que insistem em verdejar e florir. Atingidas pelos polens nefastos, algumas flores se abatem e murcham, outras se consomem em não desabrochar, mas no geral o campo continua belo e florido, para martírio eterno da Cizânia.
Eu como um fervoroso jardineiro, continuo ávido por flores. Já cultivei algumas poucas e delas domino não o cultivo, mas apenas a lembrança da beleza e do prazer do aroma. Das rosas já ganhei ferimentos fatais de espinhos, mas também o prazer de pétalas sedosas. Das margaridas lembro do bem me querer oscilante a cada desfolhar da paixão finita. Até mesmo da flor de laranjeira guardo o aroma da simplicidade e alegria. Mas da Cizânia, esta flor adjeta, busco distância. Pode até mesmo apresentar Beleza e roubar aroma de outras essências, mas a Natureza (onisciente, onipotente e onipresente) com sua infinita sabedoria, faz justiça à harmonia e sempre denota à flor tão vil:
Beleza efêmera e fulgás
Sempre murchando
Primeiro que as demais
Às flores do meu jardim, um eterno beijo deste zangão zangado,
poleminizador polêmico, mas sobretudo amante de aromas harmônicos.
BZZZZZ – Carlos Henrique Ferrão Costa - BZZZZ
[1] Flor com nome masculino. Não tem como simpatizar também com tal arremedo de flor.
domingo, 5 de dezembro de 2010
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