..então pelo silêncio,
que dava ouvido ao vento,
eles notaram que era um Adeus....
e o vento..
que no vazio,
sempre se fez ouvir entre eles,
agora era mero ouvinte daquela despedida...
e o vento chorou...
comovente como o vento
mas a cena só a ele vento comovia
os dois se ofertaram as costas
e partiram, cada qual com seu próprio vento
içando velas estufadas
felizes…
para novas brisas ou tempestades
e somente o vento chorou....
(Henrique Costa - 2010)
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
A MORTE DOS MOINHOS
A MORTE DOS MOINHOS
Henrique Costa
E QUANDO NÃO HOUVER
MAIS MOINHOS PRA SONHAR,
RUCINANTE PARA GALOPAR,
OU DULCINEA PARA DESEJAR
E QUANDO O REFLEXO DO ROSTO
VELHO DE QUIXOTE
REFLETIR-SE NO PEQUENO LAGO DE LÁGRIMAS
SIM, VELHO GUERREIRO
O SONHO ACABOU
E A REALDADE GRITA
COMO UM SOL ARDENTE NAS COSTAS
ERGUA-TE
VERME SOLITÁRIO E PATÉTICO
E ENCARE A REALIDADE DE FRENTE
ERGUA-TE
QUE NADA MAIS ÉS QUE UM VERME NO VENTRE DO MUNDO
E AS VISCERAS CONTINUARÃO DIGERINDO HOMENS
SEM ESPASMOS PARA VIGÍLIA DA TUA DOR
ERGUA-TE
POIS PUTREFATO ESTÁ RUCINANTE
VEÍCULO DO TEU SONHO
PERECENDO NA AREIA REAL E ARDENTE
ERGUA-TE
POIS O FRUTO DO TEU DESEJO
JÁ SE LAMBUJA NO LEITO DE OUTREM
ERGUA-TE
A BRANDIR O GLÁDIO EM ATAQUE
OU MORRA JUNTO COM OS MOINHOS E OS SONHOS
ERGUA-TE
NEM QUE SEJA PARA SONHAR
MAIS UMA REALIDADE FRIA
SEU VELHO INCORRIGÍVEL
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
FINAL FELIZ
Vi uma frase essa semana no FACEBOOK, que me incomodou muito. Uma menina falando que ex namorado bom era ex namorado MORTO..
• Por que o fim dos relacionamentos duradouros sempre preocupam mais aos outros do que aos próprios envolvidos?
• Por que os finais tendem a ser “hostis” e cheios de “ódios”?
• Por que eu não concordo com isso?
Para responder tais perguntas me sinto a vontade para tecer mais um dos meus detestáveis textos. Todos que me conhecem sabem (ou deveriam saber) da minha mais completa descrença em várias coisas. Enquanto muitos se apegam a fé, eu conto apenas com meu raciocínio, que muitas vezes é traído pelo emocional. Enquanto alguns oram, eu busco alento no meu próprio ser. Não consigo agir de modo diverso e me sinto feliz em sempre me redescobrir. Erro (não sei se na média, abaixo ou acima dela), mas não delego meus erros e minhas soluções a ninguém.
Não acredito em “espíritos possuidores” ou em fantasmas, mas não obstante tal descrença adoro a palavra exorcizar.
Se me pedirem para definir alma, eu posso dizer que alma é aquilo que guardamos na mente, com relação aos outros e a nós mesmo. Apesar do mundo físico e palpável, não podemos descartar que existe algo a mais de cada um, dentro de nós. A pessoa amada, mesmo quando deixa de existir, continua dentro da nossa mente, em lembranças e sentimentos. E essa alma memorável pode se transformar em assombração, caso não for devidamente exorcizada.
Amaldiçoei o poeta (aquele ébrio), mas agora concordo que o Amor é chama (eterna enquanto dura). Vou ter a audácia (de sóbrio) tentar complementar o poeta. Infelizmente o amor não é uma chama única que se extingue por igual. Enquanto manifestação de duas pessoas distintas, o amor é análogo a duas velas que queimam em ritmos diferentes, posto que sofram influências e intempéries diversas. E quando a chama de uma vela se apaga primeiro que a outra, torna-se natural a perplexidade desta última. E o que fazer quando isso acontece? Deixar a vela sobrevivente queimar até o fim ou assoprá-la de imediato? Essa resposta não é fácil, e nem ao menos relevante. O mais importante é saber o que fazer com a cera produzida pelas velas, nela inclusa boas lembranças e possíveis frutos. A cera dessa vela não pode ser descarta ou incinerada.
A cera das velas deve ser moldada através do fruto e as lembranças boas devem enaltecer e valorizar o tempo em que as velas queimaram e forneceram luz ao mundo.
Com relação à alma que reside dentro de mim (que não seja a minha própria) devo exorcizá-la, para que ambos consigam acender novas velas para que o mundo continue iluminado. Por isso sopro minha chama, como quem sopra ferida que arde. Sopro, como quem dá alento e fôlego à vida de todos os envolvidos (até mesmo dos espectadores).
E para exorcizar minha alma penada, nada melhor que enaltecer a pessoa amada, para ter certeza absoluta que cada segundo ao lado dela valeu a pena. Encerro mais um capítulo da minha vida com uma ODE a alma que deixa o umbral da minha mente. Vai alma, acender chamas pelo mundo.
domingo, 5 de dezembro de 2010
CIZÂNIA, UMA FLOR SEM CHEIRO
Nunca gostei desta palavra! Nem do som, muito menos da sua significação. Sempre me pareceu nome de flor, mas flor de acidez e azedume. Cizânia! Não parece nome de flor metida a besta, tipo Gerânio[1]? Pois bem, todos sabem (ou deveriam saber) que Cizânia não é flor, nem como substantivo, muito menos na analogia. Cizânia é desarmonia e confusão. Quem semeia Cizânias gosta de criar o caos nos campos floridos, o trovejar nos céus límpidos e a desarmonia entre as pessoas.
A Cizânia da minha botânica particular se cultiva em solo fértil. Não se aflora Cizânia em solo estéril. Onde não há harmonia, não há de se falar em criar desarmonia. Portanto, a semente de Cizânia necessita de um solo fértil e rico em harmonia. A flor original da Cizânia, esta sim, fica cravada em solo estéril e seco, mas a Sábia Natureza fez questão de sempre colocar um solo seco e pobre, ao lado de campos floridos e belos. O que seria da Cizânia sem uma vizinhança harmônica. Seria a extinção da espécie, Oras! Mas a natureza em sua sapiência pensa até mesmo na preservação das pragas e correlatos. Do alto de seu solo putrefato e estéril, a Cizânia lança seus polens para os campos floridos ao seu redor, que insistem em verdejar e florir. Atingidas pelos polens nefastos, algumas flores se abatem e murcham, outras se consomem em não desabrochar, mas no geral o campo continua belo e florido, para martírio eterno da Cizânia.
Eu como um fervoroso jardineiro, continuo ávido por flores. Já cultivei algumas poucas e delas domino não o cultivo, mas apenas a lembrança da beleza e do prazer do aroma. Das rosas já ganhei ferimentos fatais de espinhos, mas também o prazer de pétalas sedosas. Das margaridas lembro do bem me querer oscilante a cada desfolhar da paixão finita. Até mesmo da flor de laranjeira guardo o aroma da simplicidade e alegria. Mas da Cizânia, esta flor adjeta, busco distância. Pode até mesmo apresentar Beleza e roubar aroma de outras essências, mas a Natureza (onisciente, onipotente e onipresente) com sua infinita sabedoria, faz justiça à harmonia e sempre denota à flor tão vil:
Beleza efêmera e fulgás
Sempre murchando
Primeiro que as demais
Às flores do meu jardim, um eterno beijo deste zangão zangado,
poleminizador polêmico, mas sobretudo amante de aromas harmônicos.
BZZZZZ – Carlos Henrique Ferrão Costa - BZZZZ
[1] Flor com nome masculino. Não tem como simpatizar também com tal arremedo de flor.
A Cizânia da minha botânica particular se cultiva em solo fértil. Não se aflora Cizânia em solo estéril. Onde não há harmonia, não há de se falar em criar desarmonia. Portanto, a semente de Cizânia necessita de um solo fértil e rico em harmonia. A flor original da Cizânia, esta sim, fica cravada em solo estéril e seco, mas a Sábia Natureza fez questão de sempre colocar um solo seco e pobre, ao lado de campos floridos e belos. O que seria da Cizânia sem uma vizinhança harmônica. Seria a extinção da espécie, Oras! Mas a natureza em sua sapiência pensa até mesmo na preservação das pragas e correlatos. Do alto de seu solo putrefato e estéril, a Cizânia lança seus polens para os campos floridos ao seu redor, que insistem em verdejar e florir. Atingidas pelos polens nefastos, algumas flores se abatem e murcham, outras se consomem em não desabrochar, mas no geral o campo continua belo e florido, para martírio eterno da Cizânia.
Eu como um fervoroso jardineiro, continuo ávido por flores. Já cultivei algumas poucas e delas domino não o cultivo, mas apenas a lembrança da beleza e do prazer do aroma. Das rosas já ganhei ferimentos fatais de espinhos, mas também o prazer de pétalas sedosas. Das margaridas lembro do bem me querer oscilante a cada desfolhar da paixão finita. Até mesmo da flor de laranjeira guardo o aroma da simplicidade e alegria. Mas da Cizânia, esta flor adjeta, busco distância. Pode até mesmo apresentar Beleza e roubar aroma de outras essências, mas a Natureza (onisciente, onipotente e onipresente) com sua infinita sabedoria, faz justiça à harmonia e sempre denota à flor tão vil:
Beleza efêmera e fulgás
Sempre murchando
Primeiro que as demais
Às flores do meu jardim, um eterno beijo deste zangão zangado,
poleminizador polêmico, mas sobretudo amante de aromas harmônicos.
BZZZZZ – Carlos Henrique Ferrão Costa - BZZZZ
[1] Flor com nome masculino. Não tem como simpatizar também com tal arremedo de flor.
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