Digníssima autoridade italiana,
Em atenção ao Vosso digno convite, expedido em 12.08.2011, que roga meu comparecimento em uma Questura da comarca de Firenze, no dia 19.08.2011, às 09:00, venho mui respeitosamente comunicar e lamentar minha ausência, uma vez que em referida data e horário estarei seguramente sobrevoando o Atlântico (oceano), em direção a minha real e única residência, conforme insistentemente afirmei aos operadores do direito desse país tão antigo. (Não façam interpretações dúbias, eu disse antigo e não arcaico país).
O motivo do convite recebido seria para regularizar minha situação no país Itália, sendo que na minha interpretação não se há de regularizar uma situação jurídica inexistente. O convite afirma que eu moro na Itália, fato que não condiz com a realidade, sendo que no meu Documento com Fé Pública Internacional (Passaporte do Mercosul), consta minha entrada em solo europeu no dia 28/06/2011, com saída em 05 de julho para a Inglaterra (igualmente européia, mas com sistemática diversa de visto) e passagem pela Noruega, igualmente ausente da Comunidade Européia (por motivos que lhes são relevantes, os quais não me cabe declinar, mas possivelmente para não se vincular a erros jurídicos internacionais, pois primam pela democracia e bom relacionamento entre nações amigas).
Não obstante considerar que conheço os trâmites legais para se viajar na qualidade de turista no Velho Continente, sempre sou surpreendido neste país localizado na margem inferior do continente, e que segundo seu próprio primeiro ministro, situa-se possivelmente no continente africano, se não fisicamente, em características intrínsecas àquela grande porção de terra (friso que SE tal constatação está enlevada de preconceito, tal preconceito partiu do magnânimo premier dessa nação em forma de bota, que ironicamente estaria com um pé na África, o que geograficamente não deixa de ser um fato).
Não obstante o atencioso e civilizado tratamento dispensado a minha pessoa, durante algumas horas em uma Unidade policial na cidade de Firenze, não pude deixar de notar, por um dos policiais envolvidos um certo ranço, recalcitrante, indevido e pejorativo com recente decisão da Soberania brasileira , em conceder abrigo a individuo considerado criminoso na atual Itália e preso político em outros países. Não cabe aqui tecer um longo e comprovado relato de inúmeros “criminosos”, considerados presos políticos em outros países e que recebem grande admiração do senso comum mundial, entre eles, Nelson Mandela, Gandhi, entre outros, e até mesmo o expoente maior dessa Nação, Giuseppe Garibaldi, que salvo engano refugiou-se em meu país BRASIL, quando foi considerado “terrorista” pela autoridade dominante na época. Não questiono o caso específico de Cesare Batisti, até mesmo por que não tenho tal autoridade ou conhecimento, mas achei irrelevante a vinculação do caso, e somente cito pelo fato de ter sido usado como uma pequena analogia entre minha situação com a “lei” italiana (as haspas na lei não deverá ser interpretada como menosprezo a Constituição italiana, mas a lei que o policial me apresentou verbalmente, sendo que eu a introduzi em haspas, por não saber se ela existe ou se é apenas uma interpretaçao do agente público em questão.
Deixando de lado as questões de ordem diplomática... (caso que deixo a cargo do competente Itamaraty, que só por curiosidade foi muito elogiado pelo Embaixador da Bélgica, na Comunidade Européia, em conversa informal e amigável que tive com o mesmo, recentemente, na Escócia). Mas deixando essas filigranas diplomáticas de lado, passo agora a tratar do meu caso específico que me angariou tão interessante convite em data tão inapropriada. O convite é quociente, ou resto, de equação antiga formulada em 2003, e na minha opinião completamente equacionada, como deve ser toda função matemática, ou mesmo burocrática. Pelos menos para quem sabe as operações elementares.
Friso e reitero meu desejo e interesse em conhecer o maior número possível de países e lugares, concomitantemente fazendo amizades e mantendo bom relacionamento com o maior número possível de pessoas. Imbuído dessa missão pessoal empreendi viagem em solo italiano no ano de 2003 e tive realmente um “gravíssimo” problema com as autoridades locais, quando inadvertidamente, “levianamente”, com “intuitos obscuros” (as haspas não são de sarcasmo, são da fala da autoridade italiana da época), persisti em solo italiano um dia após o prazo legal, sendo conduzido e expulso do país, para meramente se cumprir a “lei”, sendo que é sabido que residentes ilegais, que trabalham em solo italiano recebem uma CARTA DE VIA, para deixar por meios próprios o PAÍS, mas este perigoso “terrorista” deveria ser conduzido compulsoriamente ao assento do vôo, rumo ao Brasil. Voltamos novamente ao dilema de fixar quem é ou não terrorista...
Com um espírito irresponsável de exercer meus direitos, que move grandes homens como Garibaldi, Gandhi e Mandela (mas convicto da minha insignificante humildade global), insisti em viajar pela Europa meses depois, adentrando e sendo bem recebido na Espanha, onde fiz o caminho de Santiago de Compostela. Igualmente bem recebido pelos Gerdames franceses e Empolgado pela peregrinação, decidi estender a viagem até Roma (cidade que sempre me atraiu), mas fui impedido do intento, sendo preso na cidade limítrofe de Vintemiglia. Não obstante confirmar minha condição de turista, com visto em dia e dinheiro em quantidade suficiente para minha manutenção em solo europeu, fui novamente conduzido coercitivamente a um aeroporto italiano e encaminhado para um destino no Brasil, alheio a minha vontade. A lei italiana (agora sem aspas), em papel que me foi entregue na época, era clara em afirmar que eu estaria impedido de entrar em solo italiano por 5 anos, o que segundo minha competente capacidade de somar, representa que 2003 mais 5 anos, significa que meu impedimento junto à Itália estaria encerrado em 2008.
Estando toda a humanidade inserida no ano de nosso Senhor Jesus Cristo de 2011 (mesmo que alguns prefiram outras datas e crenças) decidi, a mando do meu livre arbítrio, empreender nova viagem, de lazer e cunho pessoal, ao tão admirado Velho Continente. Aportei na belíssima cidade de Paris, onde fui magistralmente acolhido pela sociedade e pelas autoridades. Empreendi um périplo pelo Norte Europeu, cruzando 9 fronteiras internacionais e dezenas de cidades, sempre recebendo das autoridades locais apoio e proteção uma vez que minha SAGA era nitidamente amistosa e sem qualquer sentimento espúrio ou de suspeição. Não obstante a Noruega sofrer um grave atentado, dias antes de minha chegada ao País, recebi daquela nação em luto um atendimento primoroso, demonstrando que a inteligência humana, infelizmente não extensiva a todos os povos, domina o medo; A razão a de superar a ignorância sempre, senão estaríamos a redigir esse texto em Estelas ou pinturas rupestres. Não é com medidas protetivas estúpidas e ações pontuais inócuas contra cidadãos de bem, que países evitam o terror e a imigração ilegal.
Não há de se falar em terrorismo no meu caso, nem mesmo de imigração ilegal, uma vez que é nítida minha condição de turista, não importando que as vezes usufrua de luxo e conforto, e em outros momentos prefira a liberdade de uma viagem, digamos, mais humilde. Na verdade fica claro o cerne da questão, e como parte envolvida me dou o direito de tecer um comentário. A Itália diante da “africanizaçao” de suas cidades (sic..cito berluasconi) vem se tornando agressiva e sem educação com seus turistas e parceiros comerciais. Não me privo de relembrar a essa nação tão cheia de história (mas que tem péssima memória e só se recorda de um passado glorioso distante) que em passado recente, por duas vezes, seu povo se viu necessário a migrar para outras nações, por motivo de fome e de guerras. O Brasil foi um dos maiores acolhedores de italianos, mas parece que um complexo de inferioridade latente no ego nacional italiano a faz se vincular apenas ao sonho americano (leia-se Unites of State).
Eu admiro história e pretensamente acho que a estudo há anos. Tenho pela história do Império romano um profundo respeito, enquanto nação conquistadora e unificadora, levando ao mundo toda sua influência (em verdade tanto a função unificadora quanto a cultura foram “herdadas” do caldo helênico). Não obstante o império romano não ser a itália, pois um romano era um romano, é nítida a raiz etrusca de toda essa cultura e nação. Apesar da milenar história romana, podemos dizer que a Itália é mais jovem que o Brasil, pois teve uma reunificação recente (vide o “terrorista” Garibaldi) e muito tem que aprender em matéria de tolerância e respeito, pois a unificação foi apenas geográfica e diariamente se vê esse povo se xingando em dialetos guturais, acusando-se mutuamente de terrones, bastardos, pezzo de merda, entre outras fantásticas contribuições lingüísticas da língua famosa de Dante.
Resumindo, toda essa explanação desnecessária é para informar que não vou atender ao simpático convite tendo grande prazer em me tornar um criminoso em vosso país. Ë uma honra inenarrável ser considerado criminoso por um país que já considerou Garibaldo criminoso e que já considerou um ditador como Mussolini como Rei. Vejam a tamanha subjetividade do conceito, brilhantemente captada pelo Tribunal brasileiro. Se é pra seguir a lei, como vocês tanto gostam de frisar, que ela seja equitativa, premissa para qualquer justiça. Mas sou ciente que todos nós temos nossos Garibaldis e Mussolinis.
Não obstante minha pequena indignação, (seria VERA indignação se eu fosse privado de ver o patrimônio mundial, mas consegui meu intento) declaro que não tenho ressentimento contra esse povo e fico no aguardo para recebê-los em meu país. No Brasil, onde problemas sociais existem, a simpatia impera e não obstante as máculas e carências de grande parte de uma população sofrida (que já nem tanto mais é assim), o espírito brasileiro caminha para mostrar ao mundo o que é tolerância e educação (não aquela de faculdade, mas aquela herdada no berço de cada lar brasileiro). Rogo aos ilustres nomes de vosso Panteão, que iluminem o longo caminho futuro dessa Antiquada nação.
E com relação a nação italiana nada devo a mesma, e nenhum de nós precisa um do outro para viver...Passar bem!!!! Eu tenho o testemunho de várias outras nações amigas, onde as pessoas ainda conseguem demonstrar Cortesia e hospitalidade, coisa que definitivamente vocês expurgaram do vocabulário.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
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